Manchetes Socioambientais
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“O encontro entre índios e brancos só se pode fazer nos termos de uma necessária aliança entre parceiros igualmente diferentes, de modo a podermos, juntos, deslocar o desequilíbrio perpétuo do mundo um pouco mais para frente, adiando assim o seu fim.”
Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo, um dos fundadores do ISA
O tema "Povos Indígenas" está na origem da existência do Instituto Socioambiental. Lá se vão pelo menos quatro décadas de comprometimento e trabalho com o tema, produzindo informações para a sociedade brasileira conhecer melhor seus povos originários. Desde sua fundação, em 1994, o ISA dá continuidade ao trabalho do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), que havia sido iniciado em 1980 e que, por sua vez, remonta ao começo dos anos 1970, quando o então governo da ditadura militar lançava o Plano de Integração Nacional, com forte componente de obras de infraestrutura na Amazônia, região que era então descrita pelo discurso oficial como um "vazio demográfico".
Por meio dos relatos coletados, dados produzidos e pesquisas empreendidas por uma rede de colaboradores espalhada pelas diversas regiões do País, o Cedi ajudou a derrubar essa tese. Ao dar publicidade às informações levantadas por essa rede social do tempo do telex, o Cedi colocou, definitivamente, os povos indígenas e suas terras no mapa do Brasil. Seus integrantes ainda participaram ativamente no movimento de inclusão dos direitos indígenas na Constituição de 1988 e, juntamente com integrantes do Núcleo de Direitos Indígenas (NDI) e ativistas ambientais, fundaram o ISA em 1994.
De lá para cá, ampliando sua rede de colaboradores em todo o País, o ISA se consolidou como referência nacional e internacional na produção, análise e difusão de informações qualificadas sobre os povos indígenas no Brasil. O site "Povos Indígenas no Brasil", lançado em 1997, é a maior enciclopédia publicada sobre as etnias indígenas no Brasil, com suas línguas, modos de vida, expressões artísticas etc. O site é uma das principais referências sobre o tema para pesquisadores, jornalistas, estudantes e acadêmicos.
A atuação hoje é transversal aos territórios onde atuamos, especialmente na Bacia do Xingu, no Mato Grosso e Pará, e Bacia do Rio Negro, no Amazonas e Roraima, e também envolve povos indígenas de todo o Brasil, por meio da atualização permanente do site e de seus mais de 200 verbetes, inclusão de novos textos sobre etnias emergentes e indígenas recém-contatados, além do monitoramento e cobertura jornalística sobre situações de violência e perda de direitos contra estas populações. O tema "Povos Indígenas" ainda é tratado no site "PIB Mirim", voltado ao público infanto juvenil e de educadores.
O monitoramento de Terras Indígenas também é um eixo central do nosso trabalho com o tema, e remonta à sistematização de dados e divulgação de informações iniciada pelo Cedi em 1986, e se dá por meio da produção de livros impressos e mapas temáticos sobre pressões e ameaças, como desmatamento, mineração, garimpo, obras de infraestrutura, entre outras, além do site "Terras Indígenas no Brasil".
Confira os conteúdos produzidos sobre este tema:
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Em formato de enciclopédia, é considerado a principal referência sobre o tema no país e no mundo |
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A mais completa fonte de informações sobre o tema no país |
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Site especial voltado ao público infanto-juvenil e de educadores |
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Painel de indicadores de consolidação territorial para as Terras Indígenas |
Sessão de abertura acontece no Cine Brasília em 2 de outubro, às 19h, com a presença de André Baniwa, liderança do Rio Negro, e do presidente do ISA, Márcio Santilli
A Mostra Ecofalante de Cinema, o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, chega à Brasília exibindo 39 filmes, cujas temáticas incluem as mudanças climáticas e questões ligadas à mineração, trabalho, saúde, tecnologia e comunidades indígenas, quilombolas e periféricas. As exibições acontecem de 2 a 9 de outubro no Cine Brasília, com entrada franca.
Na sessão de abertura, na quarta-feira, 2 de outubro, às 19h, a atração é Mapear Mundos. O filme da diretora Mariana Lacerda articula preciosas imagens de arquivos indigenistas com testemunhos atuais para rememorar a importância de organizações da sociedade civil na luta indígena. Em um contexto de ditadura militar, atuando ao lado desses povos, elas foram cruciais para a garantia dos direitos dos povos originários no “Capítulo dos Índios”, da Constituição Brasileira de 1988.
Assista ao trailer:
Trata-se de uma produção do Instituto Socioambiental (ISA), organização não governamental que comemora 30 anos de existência dedicada a defender bens e direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural e aos direitos dos povos indígenas do Brasil. André Baniwa, liderança do Rio Negro, e o presidente do ISA, Márcio Santilli, têm presenças confirmadas na sessão.
A grade de programação em Brasília reúne destaques de diferentes seções da Mostra Ecofalante de Cinema: Panorama Internacional Contemporâneo, Competição Latino-americana, Panorama Histórico, Competição Territórios e Memória, Sessão Infantil e Sessões para Estudantes.
Estão presentes filmes recentes de diretores consagrados, como o cultuado alemão Werner Herzog e o vencedor do Oscar, Luc Jacquet, e filmes premiados na 13ª edição do evento, ocorrida em São Paulo no mês de agosto, como o longa-metragem peruano Céu Aberto, vencedor da competição latino-americana, e Rejeito, eleito melhor longa da competição Territórios e Memória.
Em O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft, o diretor Werner Herzog focaliza um casal pioneiro de vulcanólogos que se tornou notório por dedicar sua vida a documentar de perto a magnitude das erupções vulcânicas. Com impressionantes imagens desses fenômenos naturais, o longa foi o grande vencedor do importante festival DOC LA (EUA).
De Luc Jacquet, o diretor de A Marcha dos Pinguins (2005), vencedor do Oscar de melhor documentário, a Mostra Ecofalante de Cinema em Brasília apresenta Antártica: Continente Magnético. Esta é uma aventura visualmente deslumbrante que percorre os poucos milhares de quilômetros que separam a Patagônia do Polo Sul e fez parte da seleção do Festival de Locarno, o mais importante evento de cinema da Suíça.
Grandes personalidades emprestam seu prestígio à produção norte-americana Solo Comum, de Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell, premiado no Festival de Tribeca. Participam dessa abordagem sobre agricultura regenerativa e seus benefícios para o solo os atores Laura Dern, Woody Harrelson, Donald Glover e Rosario Dawson.
Exibido em versão restaurada na seção Cannes Classics do Festival de Cannes, Amor, Mulheres e Flores é assinado por Marta Rodríguez e por seu parceiro e companheiro de vida Jorge Silva (1941-1987). Representante da seção Panorama Histórico da Mostra Ecofalante de Cinema, o filme foi realizado entre 1984 e 1988 e denuncia as precárias condições a que estão submetidas as trabalhadoras da agroindústria das flores, uma das maiores da Colômbia. Suas reivindicações passam por melhores condições de vida e saúde, para si e para seus filhos. Com carreira iniciada em 1971, Marta Rodríguez é considerada uma das primeiras mulheres documentaristas da Colômbia a alcançar repercussão internacional.
Confira a programação completa no site da Mostra Ecofalante de Cinema
Serviço:
Mapear Mundos na Mostra Ecofalante de Cinema em Brasília
Dia 2 de outubro, às 19h. Gratuito
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Filme tem a direção de Aida Harika Yanomami, Roseane Yariana Yanomami e Edmar Tokorino Yanomami
O curta-metragem Thuë Pihi Kuuwi - Uma Mulher Pensando venceu o prêmio Grande Otelo de Cinema 2024 na noite desta quarta-feira (28/08). A premiação existe há mais de duas décadas e reconhece profissionais e produções audiovisuais do Brasil. A obra Yanomami venceu a categoria de Melhor Curta-Metragem Documentário.
Uma Mulher Pensando tem a direção assinada por Aida Harika Yanomami, Roseane Yariana Yanomami e o xamã Edmar Tokorino Yanomami. O curta concorria com as produções As Marias, Cama Vazia, Eu, Negra e Macaléia.
Morzaniel Ɨramari, primeiro cineasta Yanomami, também fez captação de imagens para o filme e representou o time no evento. Ele recebeu o prêmio das mãos da atriz Dira Paes e do cantor Toni Garrido, que apresentaram a edição deste ano.
Veja como foi:
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“A minha prima Roseane, a minha cunhada Aida e meu tio Edmar e eu recebemos, pelas imagens que produzimos, e foi muito bom. Nunca imaginei que todos iríamos ganhar juntos, eu me senti muito honrado em receber o prêmio em nome deles. Fiquei cheio de alegria, estou feliz demais”, disse Morzaniel ao Instituto Socioambiental (ISA)
A estatueta do Grande Otelo é uma homenagem ao ator que dá nome à premiação. O seu design foi idealizado por Ziraldo Alves Pinto e a escultura é de Altair Souza.
Cinema Yanomami
A sinopse de Thuë Pihi Kuuwi - Uma Mulher Pensando descreve a história de uma mulher yanomami que observa um xamã durante o preparo da Yãkoana, alimento dos espíritos. A partir da narrativa de uma jovem mulher indígena, a Yãkoana que alimenta os Xapiripë e permite aos xamãs adentrarem o mundo dos espíritos, também propõe um encontro de perspectivas e imaginações.
Com produção de Aruac Filmes, o curta conta ainda com co-produção da Hutukara Associação Yanomami e produção associada da Gata Maior Filmes.
Durante as filmagens de Thuë Pihi Kuuwi - Uma Mulher Pensando, outros dois curtas-metragens foram produzidos pela Aruac Filmes: Mãri Hi – A Árvore do Sonho e Yuri Uxëa Tima Thë – A Pesca com Timbó.
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O trio de histórias independentes faz parte do projeto “A Queda do Céu”, que deve apresentar um longa-metragem que será como “um novo capítulo” para o livro do xamã Davi Kopenawa e do etnólogo Bruce Albert.
O filme Uma Mulher Pensando também conta com apoio de ISA, Porticus, Climate and Land Use Alliance (CLUA), Ford Foundation, Nia Tero, Foundation Cartier, Humanize, Arapyaú, Rainforest Foundation Norway (RFN), Norway's International Climate and Forest Initiative (NICFI), Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto Iepé, Instituto Meraki, International Resource for Impact and Storytelling (IRIS), Amazon Watch e Foundation AlterCiné.
Assista ao trailer:
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Artista do povo Mehinako, do Alto Xingu (MT), vai explorar no centro de São Paulo símbolos, significados e processos de criação; oficina é gratuita, inscreva-se!
No dia 7 de setembro, o Espaço Floresta no Centro, em São Paulo, vai oferecer a oficina "Arte e Saberes Mehinako", ministrada pelo artista, educador e professor Mayawari Mehinako, fundador do Instituto de Arte Indígena Brasileira Xepi.
O encontro, que acontece das 9h às 17h, na Galeria Metrópole, centro da capital paulista, tem como proposta apresentar o rico universo dos grafismos ancestrais do povo Mehinako, do Alto Xingu (MT), explorando seus símbolos, significados e processos de criação.
Inscreva-se!
A oficina tem somente 15 vagas. Interessados podem se inscrever no formulário
"Quero mostrar os grafismos que usamos nos rituais, nas práticas culturais, nas festividades", explica Mayawari Mehinako. "Cada povo tem suas histórias, crenças e línguas. Os grafismos fazem parte da nossa identidade", afirma ele.
Durante o dia, os participantes vão aprender sobre os conhecimentos aplicados na produção das artes indígenas, como remos e bancos de madeira, além de compreender o valor cultural e espiritual de cada peça, que vai além do aspecto comercial.
“A ideia é que todos os participantes conheçam e valorizem a nossa arte como arte ancestral, patrimônio cultural e artístico. Isso é o importante a ser divulgado", destaca o artista.
A oficina inclui todas as ferramentas e materiais necessários, como nanquim, pincéis e tábuas, e um equipamento audiovisual para as apresentações. Ao final do encontro, haverá uma apresentação dos projetos desenvolvidos pelos participantes.
Conheça os saberes Mehinako!
Serviço:
Dia: 07/09
Horário: das 9h às 17h
Local: Floresta no Centro - Loja 28, 2º andar da Galeria Metrópole, Av. São Luís, 187 - República. São Paulo (SP)
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Filme registra tributo da comunidade do Salgueiro à cosmologia dos Yanomami; assista!
Napê, nossa luta é sobreviver
Napê, não vamos nos render
Ya temi xoa, aê, êa
Ya temi xoa, aê, êa
“Ya Temi Xoa” foi o verso cantado a plenos pulmões por toda a comunidade negra da Acadêmicos do Salgueiro acompanhada de líderes Yanomami durante desfile na Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano. A frase, que traduzida para português significa “eu ainda estou vivo”, marcou o samba enredo “Hutukara” e agora também dá nome ao documentário que tem estreia online nesta segunda-feira (26/08).
Assista!
O curta de 20 minutos conta como a floresta amazônica se conectou com as favelas do Rio de Janeiro ao unir os Yanomami e o povo negro para fazer história. O filme mostra uma parte do desfile, os bastidores e as ideias que construíram o enredo inspirado na Hutukara - o céu que desabou na cosmologia Yanomami - que garantiu o 4º lugar à Salgueiro, ficando entre as seis campeãs do ano.
Uma parceria entre o Instituto Socioambiental (ISA) e a Hutukara Associação Yanomami (HAY), com a direção de Thomas Mendel, Ya Temi Xoa teve pré-estreia em Boa Vista, capital de Roraima. O evento recebeu lideranças indígenas e seus parceiros de organizações não governamentais, autoridades de órgãos federais, jornalistas e apoiadores da causa Yanomami.
Em meio a uma tragédia humanitária, escancarada ao mundo em janeiro de 2023, os Yanomami chamaram a atenção da escola de samba. Com uma pesquisa e aprofundamento na obra A Queda do Céu de Davi Kopenawa e Bruce Albert, os responsáveis pelo enredo entenderam que os Yanomami tinham muito mais a mostrar do que uma tragédia.
“Fiquei três ou quatro meses lendo muita sobre a cosmologia do povo yanomami, mas eu digo que o que mais me tocou foi ter o olhar do Davi”, afirma Igor Ricardo, jornalista e enredista da Salgueiro.
Igor conta que um dos esforços para construção do desfile foi justamente o de não colocar o povo Yanomami na posição de “coitados”. O conceito do espetáculo foi construído sob a ótica da exaltação à cosmologia e rica cultura destes indígenas. “A ideia da Hutukara era apresentar o povo Yanomami pela lógica do que eles são verdadeiramente e não pela ótica que a sociedade não indígena costuma ver na televisão, que é a ótica da tragédia. Então, quando pensamos nesse “Hutukara”, foi para mostrar a beleza desse povo, sobre quem é esse Omama, que é o deus da criação dele, sobre Yoasi, que é o deus da morte e destruição”, explica.
A Salgueiro foi a terceira escola a desfilar na primeira noite de apresentações. Além do homenageado Davi Kopenawa, líder e xamã dos Yanomami, outras 13 lideranças Yanomami estiveram presentes no carro “Por um Brasil Cocar”.
Meu Salgueiro é a flecha
Pelo povo da floresta
Pois a chance que nos resta
É um Brasil cocar
Para fugir dos estereótipos, a escola pediu a assessoria de Davi Kopenawa na construção das alegorias. O xamã também participou da escolha da canção que emocionou a Salgueiro - recebendo 10 de todos os jurados em seu respectivo requisito. “Neste lugar estão trabalhando em algo muito importante e estão fazendo um bom trabalho para ajudar na nossa luta, ajudar a defender o meu povo, ajudar a defender o nosso direito. Fiquei contente que estão trabalhando e fazendo as coisas para sair bonito e mostrar para toda a cidade”, conta o xamã em trecho do documentário que mostra sua visita à escola de samba durante os preparativos para o desfile.
Hutukara, ê! Sonho e insônia
Grita a Amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação originalEu aprendi português
A língua do opressor
Pra te provar que meu penar também é sua dorFalar de amor enquanto a mata chora
É luta sem flecha, da boca pra fora
Floresta e morro se encontram
O real encontro de Davi Kopenawa com o povo do Salgueiro se deu meses antes do desfile na Sapucaí. Davi foi convidado para estar presente na final da escolha do samba, em 13 de outubro de 2023. Eram 23 sambas inscritos falando sobre a Hutukara e nesse dia um deles seria escolhido para ser cantado na avenida.
Ao chegar no Rio de Janeiro, Davi seguiu para o Morro do Salgueiro, no Caxambu, centro cultural que guarda as tradições afro-brasileiras da comunidade. Foi recebido com uma apresentação de Dança de Jongo, onde ao som de tambores, as matriarcas da escola cantaram e dançaram para recepcionar o líder Yanomami. Momentos depois, Davi disse que ficou emocionado ao ver as mulheres dançando e que elas o fizeram se lembrar de suas tias, que são as guardiãs da cultura yanomami.
No morro, Davi conversou com muitas delas e conheceu o trabalho das erveiras, mulheres conhecedoras das plantas que curam e que mantêm um projeto para registro e aprendizado desse conhecimento pelas novas gerações.
Ao descer o morro, Davi disse que já esteve muitas vezes no Rio de Janeiro, que foi levado para pontos turísticos, prédios bonitos e praias, mas que essa tinha sido a primeira vez que ele conheceu o povo que construiu a cidade e que depois foi empurrado para morar no morro, em cima das pedras, onde não é possível plantar.
Noite do desfile
Com diversas referências à cosmologia Yanomami, criticando a falsa “família de bem” e relembrando o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados em 2022, o samba da Salgueiro mostrou a força, beleza e resistência do povo da maior Terra Indígena do Brasil na primeira noite do Carnaval do Rio de Janeiro.
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso
Não queremos sua ordem, nem o seu progresso
“A Salgueiro vai emocionar na avenida e mostrar a importância que é a gente cuidar da nossa terra e dos povos originários”. afirmou a rainha de bateria da Salgueiro, Viviane Araújo, minutos antes do desfile.
Para embalar a escola de samba e a arquibancada, a Salgueiro levou elementos do conhecimento milenar dos Yanomami e contou a história da Hutukara, que na cosmologia Yanomami representa o céu que desabou os levando para o plano em que vivem hoje.
“Os Yanomami trouxeram uma parte cultural que nós não tínhamos conhecimento. Eles são bem enfáticos ao dizer ‘Ya Temi Xoa’ porque querem dizer que estão vivos, que a floresta está viva e acho que chegou a hora do Brasil entender esse povo que está aqui antes da colonização e que ainda têm força para dizer ‘estamos vivos’”, disse Silvania de Sant’anna, integrante da torcida oficial Amigos do Salgueiro.
A identidade dos Yanomami chegou à avenida com uma preparação que começou antes mesmo do desfile. Os indígenas escolheram usar suas pinturas tradicionais, além de acessórios feitos com sementes, penas e pequenas lascas de flechas.
“A nossa história vive da mata, da selva, das frutas. Para nós, isso não é só um momento de tristeza, mas também temos alegria e precisamos ser valorizados”, disse Carlinha Santos, que além de professora é presidente da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK).
Encontro de lutas
A Terra Indígena Yanomami enfrenta uma invasão garimpeira e uma crise sanitária, ambas intensificadas no período de 2019 a 2022.
Em 21 de janeiro de 2023, menos de um mês após assumir o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou Boa Vista e chamou a atenção do mundo para os altos números de casos de malária e desnutrição entre os Yanomami. Um dia antes, uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) foi instaurada.
Em março de 2023, durante as comemorações de seus 70 anos, a Salgueiro anunciou “Hutukara” como o tema do seu desfile em 2024, mais uma vez chamando a atenção para a grave situação dos Yanomami.
“É muito importante e tudo foi muito lindo. É muito importante que a Salgueiro tenha encontrado o nome do povo Yanomami, mesmo que tenha demorado, porque assim nós também encontramos o povo negro que também foram sofredores”, resumiu Kopenawa sobre a conexão entre a floresta amazônica e as favelas do Rio de Janeiro na parceria entre a Salgueiro e a Hutukara Associação Yanomami (HAY).
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Primeira exibição será para lideranças indígenas e seus parceiros no dia 16 de agosto
O filme Ya Temi Xoa, que registrou a trajetória dos Yanomami no Carnaval de 2024, terá sua pré-estreia em uma sala de cinema nesta sexta-feira (16/08), em Boa Vista (RR). A exibição ocorrerá na Playarte Cinemas do Roraima Garden Shopping, localizado no bairro Paraviana, zona leste da capital.
A primeira exibição acontece para lideranças indígenas Yanomami e parceiros de organizações não governamentais, autoridades de órgãos do governo federal, jornalistas e membros da sociedade civil.
Outros 77 ingressos serão distribuídos para estudantes da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Universidade Estadual de Roraima (UERR) e do Instituto Federal de Roraima (IFRR). Os interessados devem preencher o formulário e aguardar o envio do ingresso no e-mail.
Além do desfile da comunidade da Acadêmicos do Salgueiro em 11 de fevereiro, o filme, que tem 25 minutos de duração, mostra os bastidores dessa história, como uma visita do xamã Davi Kopenawa à quadra da escola e os preparativos finais dos Yanomami para desfilar na Avenida Marquês de Sapucaí.
Uma parceria entre a Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental (ISA), o filme tem a direção assinada por Thomas Mendel e produção de Ariel Gajardo, Carolina Fasolo, Evilene Paixão, Fabrício Araújo, Marina Terra e Roberto Almeida. A narrativa é centrada no encontro de lutas entre a comunidade negra das favelas do Rio de Janeiro e os Yanomami, que vivem na maior Terra Indígena do Brasil, localizada na Floresta Amazônica.
Sobre o desfile
O enredo “Hutukara”, que garantiu o 4º lugar e colocou a Salgueiro entre as seis campeãs do Carnaval do Rio de Janeiro em 2024, exalta a cosmologia e cultura dos Yanomami. Entre as referências para construção do espetáculo está o livro A Queda do Céu - Palavras de um Xamã, escrito por Davi Kopenawa em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert.
Kopenawa também votou o samba enredo da escola - que recebeu 10 de todos os jurados - e auxiliou os carnavalescos na escolha das alegorias a fim de evitar que os Yanomami fossem retratados de forma genérica.
Dos bastidores à apuração do resultado, o filme compila toda a história de união de lutas da comunidade Salgueiro e dos indígenas Yanomami. Após o lançamento em Boa Vista, o filme deve ganhar uma estreia nacional, sendo disponibilizado online.
Serviço
Pré-estreia do filme Ya Temi Xoa
Sexta-feira, 16 de agosto de 2024
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Símbolo da resistência indígena no Brasil, tornou-se mundialmente conhecida em 1989 ao brandir um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte
O Instituto Socioambiental (ISA) lamenta profundamente o falecimento de Tuíre Kayapó, liderança feminina histórica e símbolo da resistência indígena no Brasil. A guerreira gentil, que unia valentia e doçura, finalmente descansou após enfrentar bravamente um câncer no útero, aos 57 anos.
Nascida em Kokrajmôrô, coração da Terra Indígena Kayapó, Tuíre se tornou conhecida mundialmente com apenas 19 anos por seu corajoso ato de brandir um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes, em repúdio à construção da Usina Hidrelétrica Kararaô, que mais tarde se tornou conhecida como Belo Monte.
O gesto icônico de Tuíre Kayapó aconteceu durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em 1989, em Altamira (PA), e marcou para sempre a resistência dos povos indígenas contra projetos que ameaçavam suas vidas e territórios.
“Meu corpo representa o facão, e o facão representa meu corpo, pois são uma única força. Uma força e uma luta. Uma história. Sou mulher, mas tenho a mesma determinação que um homem na hora da raiva. Tenho os mesmos direitos que um homem. Não tenho medo de nenhum homem. Não tenho medo de ninguém, pois possuo a mesma força que vocês representam ter”, disse à Repórter Brasil.
Em entrevista à série #ElasQueLutam, do ISA, ela afirmou: “as florestas, os rios, os povos indígenas: é a sobrevivência deles que eu defendo até hoje”. Sua imagem e suas palavras ajudaram a adiar a construção da hidrelétrica por mais de 20 anos, até sua inauguração em 2015.
Neta de caciques tanto do lado materno, quanto do lado paterno, Tuire herdou de sua família a liderança na luta pelo seu território ancestral. “Aprendi tudo com meus avós. Eles me ensinaram tudo. Tudo o que falavam, eu aprendia. Meus avós me ensinaram a não deixar nenhum branco entrar na reserva indígena e ocupar espaço. Diziam para nós, indígenas, cuidarmos do que é nosso e da nossa floresta para não ser desmatada”, contou.
Em uma época em que os homens eram predominantemente as principais lideranças do movimento indígena, Tuíre se destacou como uma das poucas mulheres a assumir esse papel. Ela participou ativamente na defesa do território e da cultura de seu povo, sendo a única mulher a ir a Brasília com os homens para lutar por seus direitos em marchas e reuniões.
Tuíre foi precursora do protagonismo indígena feminino, abrindo caminho para que, décadas depois, lideranças como Ô-é Paiakan Kayapó, Sonia Guajajara, Joenia Wapichana e Célia Xacriabá chegassem a lugares de poder. “No passado, eu estava sozinha, mas hoje tenho essas mulheres guerreiras ao meu lado”, afirmou.
Hoje, as mulheres indígenas são uma força poderosa na luta pelos direitos indígenas. Nos últimos anos, além de participar ativamente nas mobilizações nacionais pelos direitos indígenas, Tuire se dedicou ao fortalecimento do protagonismo e do movimento das mulheres Kayapó, inspirando as novas gerações de menire com sua força, experiência, sabedoria e delicadeza.
Aos 19 anos, com um facão em punho, Tuíre Kayapó abriu caminhos, eternizando em gesto a resistência dos povos indígenas. Agora, inspira novas gerações a continuar a luta, que é permanente, assim como ela. Tuíre virou ancestralidade.
Tuíre, presente!
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Realizado pelas cineastas Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, documentário filmado durante o 20º Acampamento Terra Livre (ATL) enfoca os muitos modos indígenas de existir e de resistir aos ataques a seus direitos
Para celebrar a diversidade e a comunicação indígena, neste Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), o Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Rede Katahirine lança o documentário Nosso modo de lutar, que traz a perspectiva de três cineastas mulheres indígenas sobre um dos principais espaços de mobilização indígena do país na atualidade, o Acampamento Terra Livre (ATL).
Assista ao filme:
Realizado por Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, da Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, em colaboração com o Programa Povos Indígenas no Brasil do ISA, o vídeo foi filmado em abril de 2024, durante a 20ª edição do Acampamento, e dá atenção à pluralidade de formas dos movimentos indígenas. “Nós mulheres podemos perceber muitas coisas que ninguém percebe”, destaca Vanuzia.
Para compor este retrato, as cineastas abordaram cerca de 50 representantes de povos distintos, em sua maioria mulheres, explorando os saberes e fazeres que cada uma delas traz, ano a ano, para a mobilização. São cantadoras, cozinheiras, artistas, estudantes, anciãs e jovens lideranças – personagens como Cleide da Silva Pedro, do povo Guarani Kaiowá, que, na última edição, se dividia entre a equipe de segurança geral e atuava como cozinheira na delegação de seu povo no contraturno. “A gente vê aqui que a mobilização é coletiva, não é separado, não é juventude, homens, mulheres. É uma luta coletiva entre crianças ao ancião”, avalia Francy Baniwa.
Transitando pelo cenário de lonas pretas e cordas amarelas que marcam o cotidiano do acampamento, as imagens transportam o público desde os acampamentos das delegações até as barracas de artesanato, passando, é claro, pelas reuniões, plenárias e marchas em defesa dos direitos indígenas. Tudo isso a partir das câmeras e das vozes das cineastas, que são também personagens do vídeo e iniciaram a pesquisa audiovisual pelas contribuições de seus próprios povos.
Entre os Guarani, por exemplo, um dos temas geradores foram os cantos mborai, muitos dos quais tratam da luta pela terra, como revela a cineasta Kerexu Martim, lembrando os versos de um deles: “Pemeē jevy, pemeē jevy ore yvy / Devolvam nossas terras, devolvam nossas terras”. Já entre os povos do Rio Negro, Francy Baniwa inicia enfocando as pinturas faciais das mulheres desana, feitas não só para embelezar, mas para proteger e preparar os corpos para a mobilização.
É relembrando ensinamentos dos anciãos do seu povo, que Vanuzia Pataxó nos introduz a uma das linhas de força do vídeo: a ideia de que entre os povos indígenas, as danças e cantos são armas fundamentais da ação política, tão importantes ou mais nestes contexto quanto discursos ou documentos. É ela quem nos apresenta os cantos e histórias de Dona Coruja, uma das grandes cantadoras e lideranças do povo Pataxó, que, nas palavras da cineasta “dá uma aula de história inteirinha por meio de um canto”.
“Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem
Adeus adeus a Brasília, até o ano que vem
Se eu não morrer eu volto
Se deus quiser eu venho” – Dona Coruja
Ao longo do documentário, o público é convidado a entender por que enfeites corporais, alimentos tradicionais, instrumentos musicais, cantos e danças coletivas, entre outros, não são apenas elementos para mostrar as culturas de cada povo, mas têm usos e potências próprias, capacidades de comunicação e transformação da realidade. É o que ensina, por exemplo, a liderança do povo Rikbaktsa ao explicar que seu cocar é usado especificamente para ir à guerra ou a liderança do povo Maxakali, ao contar que os desenhos que enfeitam seu vestido estão conectados aos rituais feitos junto dos espíritos yamīyxop.
Para além dos cantos e danças, palavras de ordem como “Diga ao povo que avance!”, também ganham destaque, em especial nas cenas das duas grandes marchas feitas durante o 20° ATL contra os retrocessos aos direitos indígenas.
Relembre:
No Congresso e nas ruas de Brasília, movimento indígena grita: não ao Marco Temporal!
Pelas palavras e cantos dos personagens, também entendemos por que reivindicar direitos indo a Brasília, com grandes manifestações coletivas, é, há mais de vinte anos, um movimento central para inúmeros coletivos indígenas – e por que, certamente, eles seguirão repetindo esse movimento nos anos por vir.
Sobre “Nosso modo de lutar”
Sinopse
A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar.
Ficha técnica
Direção e imagens: Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó / Rede Katahirine
Produção executiva: Tatiane Klein, Luiza de Souza Barros, Mariana Soares, Moreno Saraiva Martins e Luma Prado / ISA; Sophia Pinheiro, Mari Corrêa, Victoria Moawad / Instituto Catitu
Montagem: Manoela Rabinovitch / Instituto Catitu
Finalização: Cama Leão
Realização: Instituto Socioambiental (ISA), Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e Instituto Catitu
Ano: 2024
País: Brasil
Duração: 15 min
Apoio: Fundação Moore, União Europeia e Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD)
Sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas
Instituído pelas Nações Unidas em 1995, o dia 9 de agosto tem como objetivo chamar atenção para a importância dos povos indígenas e das garantias previstas a eles na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos Indígenas. Entre outros direitos, a declaração assegura o direito desses povos à autodeterminação, à comunicação e à diferença: “Os povos indígenas são iguais a todos os demais povos e reconhecendo ao mesmo tempo o direito de todos os povos a ser diferentes, a considerar-se a si mesmos diferentes e a ser respeitados como tais”. Saiba mais
Sobre a Rede Katahirine
A Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas surge com o objetivo de criar um espaço coletivo para fortalecer e visibilizar a produção audiovisual das mulheres indígenas do Brasil e América Latina. Como primeira iniciativa de mapeamento do cinema indígena feminino no Brasil, desejamos que esta seja uma importante ferramenta de conhecimento e divulgação sobre o cinema realizado por nós, mulheres indígenas, além de uma fonte de dados para pesquisas e acessos públicos. Um espaço com foco no protagonismo das mulheres indígenas, na agência e no papel político em nossos contextos, dentro e fora das aldeias: agimos nas tomadas de decisões e gestão de recursos de realizações audiovisuais e criamos de acordo com nossas concepções de mundo e de vida. Katahirine é uma palavra da etnia Manchineri que significa constelação. Assim como o próprio nome sugere, Katahirine é a pluralidade, conexão e a união de mulheres diversas que se apoiam e promovem mulheres indígenas no audiovisual brasileiro. Trata-se de uma articulação coletiva, onde podemos discutir e construir um espaço seguro de narrativas, levando em conta não só o corpo coletivo da rede, mas a subjetividade de cada participante, como uma pessoa pensante e atuante em todos os espaços.
As cineastas se apresentam
Vanuzia Bonfim Vieira
Sou indígena pataxó. Trabalho como cineasta e professora. Dirigi e gravei o longa-metragem Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe (2019). Na comunidade, além de professora, sou mãe, artesã e participante de vários eventos culturais. Me formei em Ciências Sociais e Humanas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fiz meu mestrado em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Atualmente trabalho com direção e produção de vídeos relacionados aos movimentos indígenas e à aldeia Barra Velha, Porto Seguro (BA).
Kerexu Martim
Tenho 20 anos, moro na aldeia Kalipety na Terra Indígena Tenondé Porã, em São Paulo – SP. Participei de dois cursos de audiovisual. Um deles foi na minha aldeia e teve duas semanas de duração. O segundo foi no Acre. Fui para lá com mais duas amigas Guarani da comunidade e fizemos a edição dos nossos filmes. Em 2023, lancei meu primeiro filme “Aguyjevete Avaxi’i”, produzido pelo Instituto Catitu. O filme recebeu menção honrosa no Festival É Tudo Verdade 2024 e o prêmio Helena Ignez na 27ª Mostra de Cinema Tiradentes.
Francy Baniwa
Sou Francineia Bitencourt Fontes, também conhecida como Francy Baniwa. Mulher indígena, antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, nasci na comunidade de Assunção, no Baixo Rio Içana, Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Engajada nas organizações e no movimento indígena do Rio Negro há uma década, atuo, trabalho e pesquiso nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, memória, narrativa, fotografia e audiovisual. Fiz minha Licenciatura em Sociologia em 2016 pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sou mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). Em 2008, fiz o curso técnico em Etnodesenvolvimento pelo Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e, em 2009, em Gestão Ambiental pelo Centro Amazônico de Formação Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (CAFI/COIAB). Entre 2010 e 2013, atuei como professora do Ensino Fundamental na Escola Estadual Indígena Kariamã, em minha comunidade. Fui presidente da Associação de Mulheres do Baixo Içana (AMIBI) em 2013, e coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016. Coordeno o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido por uma parceria entre a UNESCO e o Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora”, fazendo a qualificação das peças de cerâmica do primeiro acervo de pesquisadora indígena, editando vídeos sobre cerâmica, roça e seus derivados e tucum, além de produzir catálogo de fotografias e fazer uma exposição virtual. Sou pesquisadora do Laboratório de Antropologia da Arte, Ritual e Memória (LARMe) e do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) da UFRJ, e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) da UFAM. No audiovisual, atuei na direção da obra Kupixá asui peé itá – A roça e seus caminhos (2020). Atualmente, coordeno o projeto ecológico, sustentável e pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), junto à Organização da Comunidade Indígena do Distrito de Assunção do Içana (OCIDAI), cujo propósito é o empoderamento e a autonomia das mulheres no território indígena alto-rio-negrino.
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Dados do boletim anual de 2023 do Sirad-I e do primeiro trimestre de 2024 apontam a retomada e permanência de invasores em terras com povos indígenas isolados
Apesar da celebrada desaceleração no desmatamento na Amazônia, Terras Indígenas com presença de povos isolados seguiram sendo invadidas por garimpeiros em 2023.
Na Terra Indígena (TI) Zoró, houve um aumento de 88% nos registros de desmatamento em 2023 em relação ao ano anterior, trazendo indícios de mineração ilegal no território. Já nos primeiros meses de 2024, a hipótese foi confirmada a partir da derrubada de mais de 5 mil árvores na área.
Na TI Mundurucu, em 2023, 90% do desmatamento registrado foi causado diretamente pelo garimpo ilegal. Em 2024, apesar de uma redução expressiva na atividade garimpeira, a expansão de áreas degradadas em períodos anteriores indica a persistência de invasores na TI.
Os retratos dessas e outras Terras Indígenas estão presentes nos dois relatórios mais recentes do Sistema de Alerta de Desmatamento em Terras Indígenas com Registros de Povos Isolados (Sirad-I), o Sirad-I: Anual de 2023 e o Sirad-I: Janeiro – Março de 2024, lançados conjuntamente nesta quarta-feira (07/08) pelo Instituto Socioambiental (ISA), em parceria com o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi).
Baixe os boletins:
Sirad-I: Anual de 2023
Sirad-I: Janeiro – Março de 2024
Com aproximadamente 187 mil km² monitorados, a publicação acompanha, desde 2020, por meio de radar e imagens ópticas de alta resolução, os alertas de desmatamento em 23 áreas com povos indígenas isolados, sendo 21 Terras Indígenas, em sua maioria com registros confirmados de povos isolados, e duas Unidades de Conservação (UC). Em 2024, o monitoramento foi ampliado para 26 áreas e, a partir deste ano, a publicação passou a monitorar a Ilha do Bananal, na TI Inãwébohona, Tocantins; fora de TIs, foram incorporadas as regiões dos registros Baixo Jatapu/Oriente, Pará; e Mamoriá Grande, sul do Amazonas.
Acesse as Terras Indígenas:
Os dados trazidos pelo boletim anual apontam, que apesar da redução de 58% na taxa de desmatamento nas Terras Indígenas na Amazônia Legal em relação a 2022, medido pelas taxas do Prodes/Inpe, as áreas com presença de isolados monitoradas tiveram uma queda menos expressiva, de menos de 20%. No total, o sistema de alertas detectou 825,46 hectares de desmatamento, ou o equivalente à derrubada de aproximadamente 475 mil árvores.
“Essa performance pior das Terras Indígenas com povos isolados mostra que elas são as áreas mais frágeis. Para os invasores, elas são terras de ninguém, prontas para serem invadidas. A TI Piripkura é um exemplo disso. Uma área com Restrição de Uso e, infelizmente, com poucos avanços em seu processo de demarcação definitiva. O atraso na demarcação das áreas com portaria de restrição de uso coloca o destino desses povos à prova”, explica Tiago Moreira, antropólogo e pesquisador do ISA.
“O ano de 2023 foi de grande expectativa quanto à diminuição das taxas de desmatamento na Amazônia Legal”, rememorou o relatório anual. Os primeiros meses do monitoramento de 2023 foram marcados pela chegada do novo governo, eleito com a promessa de combate aos crimes ambientais e fim do desmatamento – e após Bolsonaro deixar a presidência com recorde histórico no desmatamento em Áreas Protegidas, conforme análise do ISA.
No primeiro quadrimestre de 2023, o Sirad-I revelou um desmatamento 28% maior que no mesmo período de 2022, quando foram registrados 319,6 hectares desflorestados nas Terras Indígenas monitoradas. Março foi o mês responsável por quase metade dos alertas deste período.
Já nos meses seguintes, novembro foi o segundo mês a liderar o ranking de alertas em 2023. Somados, os meses de março e abril representam 42% do total de desmatamento no ano passado, com a TI Piripkura representando um quarto dessa porcentagem.
Na Piripkura, o histórico de invasões não é recente, como explicou o indigenista Elias Bigio, ex-Coordenador Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e atual integrante do Opi.
“Na Piripkura, existem fazendas instaladas, existe uma pressão de grileiros, existe uma disputa pelo território Piripkura que já foi denunciada diversas vezes à Polícia Federal, ao Ministério Público. Quando houve a primeira portaria de restrição de uso em 2008, por exemplo, uma ação do MP embargou as madeireiras que funcionavam ali, mas ainda existe essa pressão no centro-norte da TI que culminou agora em uma decisão do Juiz que determinou a extrusão desses invasores”.
A decisão citada pelo especialista se trata de uma Ação Civil Pública cuja decisão final da Vara de Juína (MT), publicada em julho de 2024, determinou a retirada dos ocupantes ilegais da TI, assim como a remoção do gado das propriedades e o fim dos desmatamentos no território.
Em 2023, as TIs Araribóia, Alto Turiaçu e Caru, no Maranhão, foram responsáveis por cerca de 30% de todo o desmatamento registrado nas áreas monitoradas pelo boletim.
A situação na TI Araribóia chegou a ser denunciada ainda em 2023 à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pela Coiab, pela Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima) e pelos Guardiões da Floresta.
A região tem sofrido grande pressão no entorno e dentro do território, com invasões por caçadores e madeireiros ilegais, além de posseiros e arrendatários.
De janeiro a março de 2024
Já no primeiro trimestre de 2024, o Sirad-I registrou uma redução de 75,14% no desmatamento das áreas monitoradas em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo o relatório, a redução evidencia a retomada da proteção destes territórios, com diversas operações para retirada de invasores, como foi o caso da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
Terras em destaque:
A Terra Indígena Zoró, localizada no limite entre os estados do Mato Grosso e de Rondônia, junto às TIs Sete de Setembro, Roosevelt e Parque Indígena do Aripuanã, compõe o chamado Corredor Etnoambiental Tupi Mondé, uma das últimas áreas de floresta remanescentes entre ambos os estados em que está situada.
Com o aumento nos alertas em 2023, os três primeiros meses de 2024 confirmaram os indícios de invasão no território. Foram aproximadamente 13 mil árvores derrubadas apenas nos primeiros três meses do ano, sendo mais de 40% em consequência do garimpo ilegal.
A atuação de garimpeiros já vinha sendo denunciada pela Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz) desde dezembro de 2023. Em abril de 2024, houve novas denúncias de ataques aos indígenas por madeireiros.
Segundo o indigenista Elis Bigio, são recorrentes os relatos da presença de isolados na Terra Indígenas Zoró. “Neste ano, tivemos mais notícias de isolados na região norte, que coincide com a maior pressão de garimpo e de exploração na Terra Indígena”, afirmou o indigenista. “É a vida dos indígenas que está em risco”, denunciou.
A Terra Indígena Piripkura, área com registro confirmado de indígenas isolados no oeste do Mato Grosso, aguarda há quase 40 anos pela regularização.
Enquanto não é definitivamente assegurada, a terra habitada pelo povo Piripkura aprofunda seu trágico histórico de invasões e desmatamentos ilegais, como aponta o indigenista Elias Bigio, “isso implica nesse esbulho do patrimônio indígena, implica nessa ilegalidade da exploração lá, principalmente minério e madeira, tem também fazendas de gado instaladas. No entanto, o risco maior é para os povos indígenas, para os Piripkura que já foram quase exterminados”, afirma.
No último ano, após pressão das organizações indígenas e instituições da sociedade civil, a Portaria de Restrição de Uso foi reestabelecida pela presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, até a homologação da TI. A medida visa proteger a área e sua população enquanto o processo de regularização não chega ao fim.
Nem mesmo a operação realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2021, foi suficiente para barrar a ação dos invasores. Em 2023, a Terra Indígena Piripkura seguiu sendo invadida e se tornou também alvo de queimadas, utilizadas para limpeza do solo. Segundo o boletim anual, mais de 60% do total da área queimada em 2023 corresponde a um desmatamento registrado em 2021.
Entre 2020 e 2021, as ocupações ilegais causaram o desflorestamento de quase 2,5 mil hectares, tornando a TI responsável por 30% de todo o desmatamento registrado no histórico completo de alertas do Sirad-I, que abrange de 2020 a 2024.
A Terra Indígena Araribóia, localizada no Maranhão, registrou 147,12 hectares de desmatamento ilegal em 2023, com 68% dos registros situados apenas no último quadrimestre do ano. Além disso, as queimadas aumentaram quase quatro vezes em 2023.
Já em 2024, a Terra Indígena registrou, apenas nos três primeiros meses do ano, um total de 10,78 hectares de desmatamento, o que representa um aumento de quase 100% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar dos registros terem sido feitos em oito áreas contíguas às aldeias, apenas 3,20 hectares puderam ser caracterizados como área de uso tradicional.
Terra Indígena Alto Turiaçu (MA)
Na Terra Indígena Alto Turiaçu, a maior terra do Maranhão e parte da Amazônia Legal, o monitoramento identificou a derrubada de mais de 20 mil árvores, sendo mais de 50% do desmatamento associado a queimadas. Além disso, o boletim anual também apontou no último quadrimestre do ano um aumento de 200% na incidência de focos de calor, que resultaram na queimada de uma área total de 4.329,62 hectares. Em 2022, não houve registros de queimadas.
Diante deste cenário, em dezembro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança na TI como forma de barrar as constantes invasões ao território. Após a ação, em 2024, a região apresentou um baixo desmatamento, em sua maior parte associado ao uso tradicional do território.
Na Terra Indígena Mundurucu, área com um longo histórico de invasões e de garimpo ilegal , em 2023 foram registrados 138 hectares de desmatamento. O número equivale a quase 80 mil árvores derrubadas, sendo 90% deste total ligado diretamente aos garimpos ilegais que recortam o nordeste da TI.
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Grande liderança do Xingu, ele era conhecido pela luta constante pela valorização da cultura dos povos indígenas
O Instituto Socioambiental (ISA) lamenta profundamente o falecimento do Cacique Kotok Kamaiurá, nesta terça-feira (30/07).
Uma das grandes lideranças indígenas do Território Indígena do Xingu (TIX), Kotok Kamaiurá atuava desde a juventude em favor do bem-estar das comunidades, do fortalecimento da cultura e no combate às ameaças ao território.
Filho do grande pajé Takumã Kamaiurá, herdou o cacicado de seu pai. Kotok aprendeu a arte da diplomacia alto-xinguana com Takumã desde jovem, época em que os irmãos Villas-Bôas criaram o Parque Indígena do Xingu.
Kotok liderou o povo Kamaiurá durante as décadas em que seu povo viu crescer a ocupação do entorno do território, o desmatamento comprometer as nascentes do Rio Xingu e novos desafios surgirem.
Ao lado de outros grandes caciques do Xingu, como Aritana e Raoni, Kotok participou de incontáveis mobilizações políticas em defesa dos direitos indígenas. Casou com quatro mulheres e teve dezenas de filhos, netos e bisnetos.
Seguindo a tradição Kamaiurá, em breve terão início os preparativos para o ritual fúnebre do Kwarup em homenagem a Kotok, que deverá se realizar por volta do mês de agosto de 2025, quando se encerrará o ciclo do luto.
Seu legado de luta e resistência continuará a inspirar as futuras gerações.
O ISA expressa solidariedade aos familiares e amigos neste momento de tristeza.
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Filme une imagens históricas e depoimentos de figuras-chave da luta pela garantia de direitos dos povos indígenas no Brasil; lançamento acontece no dia 3 de agosto
As comemorações dos 30 anos do Instituto Socioambiental (ISA) não param. Com a programação especial “ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental”, o ISA leva suas produções audiovisuais para a 13ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, que acontece entre os dias 1º e 14 de agosto de 2024 na capital paulista.
Para celebrar esse marco, além da exibição de oito obras produzidas pela organização, acontece a estreia de Mapear Mundos, filme com Beto Ricardo e Fany Ricardo, dirigido por Mariana Lacerda. Após a sessão, no dia 3 de agosto, no cinema Reserva Cultura de São Paulo, acontece um bate-papo com a liderança do Rio Negro, André Baniwa, a vice-presidente do ISA, Marina Kahn, e a diretora.
O longa-metragem articula imagens e vídeos do arquivo histórico do ISA com testemunhos atuais para rememorar os passos dados por organizações da sociedade civil na luta pela garantia dos direitos indígenas no Brasil, no contexto da ditadura cívico-militar, apoiando as condições para a articulação do “capítulo dos índios” na Constituição Brasileira de 1988.
O regime ditatorial propagou a falsa ideia de que os indígenas estavam em decrescimento populacional e que a Amazônia era um imenso “vazio demográfico”, argumento utilizado para efetuar a retirada forçada de povos indígenas de seus territórios e exploração de seus recursos. No começo dos anos 1980, Beto Ricardo, antropólogo, ativista, sociólogo e um dos fundadores do ISA, decidiu questionar essa ideia, inventando um método que comprovasse justamente o contrário, de forma científica.
Assista ao trailer:
Beto, ao lado de um grupo de pesquisadores, desenvolveram um sistema próprio para analisar a população indígena nessa e em outras regiões do Brasil , comprovando, por meio de dados, que os indígenas não só não estavam desaparecendo, como suas populações cresciam. Assim, seus direitos deveriam ser permanentes.
“Aos poucos, a imagem dos índios extintos foi substituída por uma imagem da presença importante dos índios como sujeitos políticos promissores”, afirma Beto Ricardo, em depoimento durante o filme.
“Isso foi uma revolução. Entre você ter certeza absoluta de que [os povos indígenas] iam desaparecer e de repente você descobrir que eles não só não vão desaparecer, como serão uma minoria cada vez menos minoria, porque a população indígena estava crescendo mais do que a população nacional. Os índios eram, para todos nós, um resquício do passado. De repente, nós constatamos objetivamente que eles iam ser parte do futuro”, relembra em cena Márcio Santilli, presidente e sócio fundador do ISA.
O filme conta com outros depoimentos de protagonistas desta luta, como Fany Ricardo, sócia-fundadora do ISA e assessora do Programa Povos Indígenas no Brasil (PIB), Marta Azevedo, demógrafa e antropóloga, André Baniwa, liderança indígena do Rio Negro, Bráz França, liderança do povo Baré e ex-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), e Dagoberto Lima Azevedo Suegu, antropólogo e liderança do povo Tukano. Bráz França e Dagoberto Suegu infelizmente vieram a falecer antes da estreia, em 31 de julho de 2023 e 11 de abril de 2023, respectivamente.
O longa-metragem refaz os caminhos percorridos para o reconhecimento dos povos indígenas como sujeitos políticos detentores de direitos, destacando a mobilização durante a Assembleia Constituinte de 1987 para incluir no texto constitucional os artigos que versam sobre essa parcela da população.
A obra retrata ainda o processo realizado para a demarcação das Terras Indígenas na região do Alto e Médio Rio Negro, uma conquista do movimento indígena local e que contou com apoio do ISA – sobretudo na propagação de informações que explicavam o que a medida significava para a proteção e preservação dos territórios.
Sobre o período, Fany Ricardo ressalta a formação de uma rede de informação entre todos os grupos envolvidos, indígenas e não-indígenas, que se transformou em uma parceria duradoura: “Todos tinham o mesmo objetivo, que era o de fortalecer essas populações que estavam em risco”, destaca.
Para o grupo de pesquisadores, colocar os povos indígenas no mapa significava salvaguardar o futuro não só do Brasil, mas do mundo. Garantir a preservação dos conhecimentos ancestrais fundamentais para manter a floresta de pé.
Além da exibição na Mostra Ecofalante nos dias 3 e 8 de agosto, Mapear Mundos será apresentado no dia 10 de agosto como parte da programação da Exposição ISA 30 anos no Museu A CASA do Objeto Brasileiro, com a participação da diretora Mariana Lacerda, André Baniwa, Geraldo Andrello, antropólogo e sócio-fundador do ISA, e Silvia Futada, ecóloga e associada do ISA.
Uma parte da trajetória documentada ao longo do filme também foi retratada em “Uma Enciclopédia nos Trópicos”, livro escrito por Beto Ricardo em parceria com o jornalista Ricardo Arnt e lançado em abril deste ano. A publicação traz prefácio do escritor e ativista indígena Ailton Krenak, posfácio do jornalista Leão Serva e conta os bastidores de momentos marcantes da trajetória do antropólogo Beto Ricardo durante o período entre 1970 e 2022, em uma narrativa bem humorada e envolvente.
Sobre a diretora
Mariana Lacerda é cineasta e documentarista natural de Recife (PE), formada em Jornalismo e mestre em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Dirigiu Gyuri, filme feito ao lado de Claudia Andujar e Davi Kopenawa, lançado em 2020. Mais recentemente, dirigiu a série infantil para Tv Histórias de Fantasmas Verdadeiros para Crianças (2024) e o filme Eu sou uma arara (2023), ao lado de Rivane Neuenschwander, exibidos em festivais e mostras do Brasil, Alemanha, França, México e Colômbia.
Mostra Ecofalante de Cinema 2024
Reconhecida como o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, a Mostra chega à sua 13ª edição com cardápio composto por 122 filmes, representando 24 países. Ao longo do segundo semestre do ano, serão feitas itinerâncias em cidades do estado de São Paulo e em todo o país, com o objetivo de democratizar o acesso às obras excepcionais que incentivem o desenvolvimento sustentável do planeta por meio da educação e da cultura.
Confira a programação completa!
Assista às produções do Instituto Socioambiental na Mostra Ecofalante:
Mostra Ecofalante de Cinema 2024
Locais:
Reserva Cultural – Avenida Paulista n° 900, Bela Vista, São Paulo - SP
Centro Cultural de São Paulo (CCSP) – Rua Vergueiro nº 1000, Paraíso, São Paulo - SP
Entrada gratuita
Quinta-feira, 1 de agosto, às 17h15 – Sala 3 do Reserva Cultural
Programação 1
O Brasil Grande e os Índios Gigantes
Panará, A Volta por cima dos Índios Gigantes
Terra Yanomami celebra 30 anos da homologação
Rionegrinas
Sexta, 2 de agosto, às 17h – Sala 3 do Reserva Cultural
Programação 2
Volta Grande
Antes da Chuva
Rio Pardo, o retorno dos beiradeiros ao seu território
Sistema Agrícola Quilombola
Sábado, 3 de agosto, às 16h e às 17h30 – Sala 2 do Reserva Cultural
16h: Estreia de Mapear Mundos
17h30: Bate-papo sobre a atuação do ISA ao longo dos seus 30 anos, avanços e retrocessos em relação à garantia dos direitos dos povos originários, com a liderança do Rio Negro, André Baniwa, a vice-presidente do ISA, Marina Kahn, e a diretora Mariana Lacerda
Terça, 13 de agosto, às 20h – Sala 2 do Reserva Cultural
Exibição de Mapear Mundos
Terça, 13 de agosto, às 14h30 – Sala 2 do Reserva Cultural
Programação 1
O Brasil Grande e os Índios Gigantes
Panará, A Volta por cima dos Índios Gigantes
Terra Yanomami celebra 30 anos da homologação
Rionegrinas
Quarta, 14 de agosto,às 14h15 – Sala 2 do Reserva Cultural
Programação 2
Volta Grande
Antes da Chuva
Rio Pardo, o retorno dos beiradeiros ao seu território
Sistema Agrícola Quilombola
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